por Pedro Luso de
Carvalho
NIETZSCHE (Friedrich Wilhelm Nietzsche) nasceu em Rökken, perto de
Lutzen, em 1844, e faleceu em Weimar, em 1900. O filósofo alemão, um dos
pensadores mais influentes do século 19, teve sua moral baseada na cultura da
energia vital e na vontade do poder que eleva o homem até a categoria de
super-homem, como se vê sua obra mais importante, Assim Falava Zaratustra.
No verbete sobre Nietzsche, da Enciclopédia Judaica Castelhana,
publicada no México em 1950, lemos: “Filósofo e poeta lírico alemão 1844-1900.
Seus escritos têm exercido profunda influência, e foi ele quem cunhou
expressões tais como super-homem, transmutação de valores, espírito senhoril,
etc. Os nazistas a princípio adotaram conceitos nietzschianos, mas tiveram de
abandonar as obras de Nietzsche ao se darem conta de que as obras dele estavam
muito longe de oferecer fundamentação ideológica ao nazi-fascismo.”
Segue o texto de Nietzsche intitulado Amar seus inimigos? (In Nietzsche. Além do Bem e do Mal. Tradução de Antonio Carlos Braga; 2ª ed. São
Paulo, Editora Escala, 2007, nº 216, p. 138):
AMAR SEUS INIMIGOS?
(Nietzsche)
Amar seus inimigos? Acredito que aprendemos bem isso: nós o fazemos isso
de mil maneiras, no pequeno e no grande; ocorre até mesmo às vezes algo de mais
elevado e de mais sublime, mas nós aprendemos a desprezar quando amamos e precisamente quando amamos mais. Mas tudo
isso inconscientemente, sem rumor e sem estardalhaço, com esse pudor e esse
mistério do bem que proíbe pronunciar a palavra solene e a fórmula sagrada da
virtude. A moral como atitude – é hoje totalmente contrária a nosso gosto. Esse
já é um progresso – como para nossos pais foi um progresso quando finalmente a
religião como atitude se tornou contrária a seu gosto, inclusive a aversão e a
amargura voltairianas a respeito da religião (e todo o modo de falar e os
gestos do livre pensador de outrora). É a música em nossa consciência, é a
dança em nosso espírito, cujas ladainhas puritanas, cujos sermões de moral e a
velha honestidade não querem mais suportar.
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