2 de jul. de 2010

EZRA POUND FALA SOBRE POESIA




            por Pedro Luso de Carvalho

        Extraí dos ensaios de Ezra Pound, em A Arte da Poesia (Editora Cultrix, São Paulo, 1976, p.11-12), o texto que tem por título Linguagem; sem dúvida, a intenção de Pound era a de ajudar os mais novos a desenvolver a arte da escrita, já que ele é aquele “artista mais tarimbado buscando ajudar outro artista mais jovem”, como dizia de si mesmo. Ezra Pound, poeta, músico e ensaísta de invejável erudição, e um dos expoentes do movimento modernista da poesia do início do século XX, nasceu em 30 de outubro de 1885, na cidade de Hailey, Idaho, EUA, e morreu em no dia 1 de novembro 1972, em Veneza, Itália.

        Em A Arte da Poesia, no seu capítulo Linguagem, Pound ensina, como ele mesmo disse, aos jovens escritores, poetas principalmente, como se deve tratar a difícil arte da prosa e da poesia:

        “Não use palavras supérfluas, nem adjetivos que nada revelam. Não use expressões como dim lands of peace (brumosas terras de paz). Isso obscurece a imagem. Mistura o abstrato com o concreto. Provém do fato de não compreender o escritor que o objeto natural constitui sempre o símbolo adequado.

        Receie as abstrações. Não reproduza em versos medíocres o que já foi dito em boa prosa. Não imagine que uma pessoa inteligente se deixará iludir se você tentar esquivar-se do obstáculo da indescritivelmente difícil arte da boa prosa subdividindo sua composição em linhas mais ou menos longas. O que cansa os entendidos de hoje cansará o público de amanhã.

        Não imagine que a arte poética seja mais simples que a arte da música, ou que você poderá satisfazer aos entendidos antes de haver consagrado à arte do verso uma soma de esforços pelo menos equivalente aos dedicados à arte da música por um professor comum de piano.

        Deixe-se influenciar pelo maior número possível de grandes artistas, mas tenha a honestidade de reconhecer sua dívida, ou de procurar disfarçá-la.

        Não permita que a palavra “influência” signifique apenas que você imita um vocabulário decorativo, peculiar a um ou dois poetas que por acaso admire. Um correspondente de guerra turco foi surpreendido há pouco se referindo tolamente em suas mensagens a colinas “cinzentas como pombas”, ou então “lívidas como pérolas”, não consigo lembrar-me. Ou use o bom ornamento, ou não use nenhum”.



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